segunda-feira, 21 de maio de 2012

Sango Kámu ká


 Sango Kámu ká

 Homenagem, ao grande Babalorisá, Waldemar Antônio dos Santos de Sango.

Texto: Babalawo Ifagbaiyin Agboola

Waldemar foi iniciado, por um sacerdote africano, conhecido pelo nome de Kun Lulu (Aquele que incendeia, queima totalmente) nome esse que o caracterizava como filho de Sango, sobre Kun Lulu(Gululu), pouco se tem informações, sabendo se apenas que veio trazido como escravo do porto de Cabinda.

Erradamente tido como de origem Banto, Kun Lulu (Gululu), era Yorubano, fato esse que nos foi relatado por um dos mais antigos filhos do falecido Waldemar, Osvaldo de Soponnan,(essas informações podem ser comprovado por sua esposa, dona Eulália).

A confusão, com a origem de Kun Lulu, acontece porque, enquanto a carga de escravos, não estava completa, parte da carga já capturada em território yoruba, permanecia no porto de Cabinda, aguardando ser completada, com escravos de outras regiões.

Na época era acrescentada ao nome do escravo, o porto de origem do embarque ao seu nome, então assim, com o passar do tempo, o conhecido sacerdote que nunca cultuou um Inkice passou a ser conhecido como o criador do culto de Inkices Cabinda, no Rio Grande do Sul (tido como Gululu de Cabinda).

Temos informações diretamente da filha (Taia), do conhecido Babalorisá, Manoel Matias (Manezinho de Soponnan), que o mesmo também foi iniciado, em sua infância pelo então Kun Lulu, informação essa, que facilmente pode ser comprovado, por seus descendentes, sua filha Alice, e seu bisneto Antônio.

Qualquer pessoa com um mínimo de informação sabe que não existe culto a Inkice nessa família, pois se ela origina do culto de Sango, sendo assim, Sango é um Orisá e não um Inkice,a origem sem duvida é Yoruba (Nagô).

Nos rituais praticados por essa família as divindades louvadas sem dúvida são Orisás,isso fica bem claro já no inicio dos rituais onde é entoada (orins) cantigas para Elegbara,seguindo o ritual louvando: Ogun,Oya,Sango,Odé,Otim,Oba,Osanyin,Soponnan,Ibeji,Osun,Yemonja,Obatala e Orunmila,Todos Orisas bem conhecidos nas terras yorubas e sem culto na região de Cabinda.

Outro fato que nos causa espanto, é a interpretação feita por alguns historiadores vitimas do desconhecimento e da vivencia religiosa que no auge de suas ousadias, descrevem fatos, nomes e ate copiam fotos justificando a historia.

Passamos aqui a analisar um fato simples, ARÚN, traduzido para o Yoruba,(cinco), ou (quinto), ALÁFIN, traduzido para o Yoruba, titulo dado ao rei de Oyo (dono do palácio).

ARÚN ALÁFIN (obviamente Sango),o quinto rei de Oyo, que ao longo da historia sofreu prejuízos na interpretação do idioma tornando-se a BARUALOFINA, facilmente identificado em suas cantigas ate hoje reproduzidas em seus rituais.

A sua cantiga principal diz que, Olorun (Deus),foi quem corou Sango Kámú Ká (aquele que olha a sua volta, olha por alto, com altivez), olhar de um rei, de um soberano, nessa mesma cantiga segue dizendo, sua majestade (Kabiyési),saudação a um rei.

Esse brilhante sacerdote deu origem a maior família de culto a Orisá do Brasil, assim como a grande polemica que envolve seu nome, graças a Olodumare convivemos com pessoas que nos forneceram dados e depoimentos, tivemos oportunidade na casa do falecido Babalorisá Osvaldo de Soponnan, ver inúmeras fotos e documentos que justifica muito do que aqui esta sendo relatado.

Tivemos o prazer de ver uma foto, de um famoso sacerdote conhecido como Alagbá, contemporâneo de Kún Lulu, amigos íntimos do príncipe Custodio.

Esse sacerdote Alagbá, mudou-se para o Rio de janeiro, nos anos trinta, tornando se muito famoso naquela cidade.

Nessa mesma oportunidade, tivemos acesso a inúmeras fotos do príncipe e de muitos outros conhecidos filhos de Waldemar (como seu Bandeira e o famoso Gavião do taxi, o homem que levou o falecido pai Romário para a religião dos Orisás).

Esses esclarecimentos, fazem parte da merecida homenagem prestada a um dos homens que mais contribuiu para o culto de Orisá na historia do Sul do país.

                                                                                                                                                               ORÍKÌ EGÚN ORÍKÌ EGÚN

Egúngún kiki egúngún

Egún ikú ranran fe awo ku opipi

O da so bo fun le wo

Egún ikú bata bango egún de.

Bi aba f 'atori na le egún se de. Asé.


Louvado seja nome dos meus Antepassados, 
 
 ​​que preservaram os mistérios do voo e das penas.

Você  que cria as palavras de reverência e poder,

para os tambores que anunciam a sua chegada.

Você que espalha seu poder, os antepassados ​​estão aqui.

Falokun Fatunmbi (oriki Book Orunmila)

14 comentários:

  1. Gilmar, axé.

    Teu post é interessante e importante.

    Se tu pudesse escrever um artigo com mais laudas, fornecendo pormenores históricos dos informantes, etc., seria um ótimo trabalho de resgate cultural.

    Sugiro pensar no assunto ...

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    1. aboru aboye abosise
      Meu irmão,vc não imagina td q fiquei sabendo em um período q viajei p/ fora do país com o filho do falecido Waldemar.
      Eu tive muita sorte encontrei as pessoas certas,na hora certa e no local certo.
      Em uma viagem fiquei sabendo mais que em muitas conversas dentro de nosso país.
      Ifá gbe wa,o

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  2. Mojuba Bàbàláwo Ifágbaíyin Agboolà!

    Compartilho da mesma opinião que o senhor Luiz Martins, pois este relato é de suam importância para nós africanistas deste vertente. Um ponto cego que a muito nos perturba e que pode estar completamente esclarecido, mas se mais informações forem fornecidas, isso só realçaria a necessidade de sabermos sobre nossa origem. É clero que em momento algum se duvida do seu relato, agora, com mais subsídios documentais com certeza encerraríamos este tema que tanto transtorno trouxe e tanta distorção foi criada em torno de Gululu (Kun Lulu), principalmente no concernente a sua origem.

    Adupé Bàbá!

    Bàbá Adéboyìn

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  3. Mojuba Bàbàláwo Ifágbaíyin Agboolà!

    O Senhor me permite copiar este texto e publicá-lo no site de nosso ilé?

    Pois é um tema que muitos desconhecem, e são informações que com certeza devemos divulgar de forma maciça.

    Agora, de certo modo concordo com o senhor Luiz Marins, pois algumas informações a mais seriam muito bem vindas e com certeza dariam um entendimento melhor a todos, principalmente no concernente a Gululu (Kun Lulu) e sua origem.

    Adupé Bàbá.

    Bàbá Adéboyìn

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  4. Bem, vejo algumas coisas controversas:

    ARUN ALAAFIN: No yorùbá, os números ordinais são antecedidos pela partícula ìkó (pegar, possuir)e contraídos para "ìk", então, os adjetivos ordinais são formados usando "ìk" ou apenas "k" antes do número. Portanto, "quinto" seria ìkárŭn ou kárŭn.

    Outro detalhe importante é que o quinto aláàfin de Oyo é Aganju. Şàngó é o terceiro. Com relaçâo à reza, Gbarù Aláàfin ou Gbarù Olófin iná teriam mais sentido. Não vi nada sobre Olorun ter coroado Kamuka na reza. Ah não ser que se tenha traduzido assim: Ọlórun kábíyèsí adé. Se bem que adé é um substantivo. Qual a tradução que tu tens para Kamuká? E "Kun lulu"?

    Outra coisa que achei estranho é Manoelzinho do Sapatá ser iniciado por esse tal de "Kun lulu". Manoelzinho era da baciaa Jèjí e depois foi para a mão de Paulino do Oxalá.

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  5. Aboru aboye abosise
    Oduduwa teve um filho, Okanbi, com sua esposa principal, Omonide ou Iyamode.
    Okanbi teve sete filhos que são Obalades (coroas reais de Oduduwa) e os filhos eram os Alaafin de Oyo, Olowu de OWU, Orangun de Ila-orangun, o Owaoboku de Ijeshaland, o Alaketu de Ketu, e dois Obas na República do Benin, como segue: a Onipopo de Popo e a Onisabe da Sabe. Além das sete Obalades, havia outros reis que eram descendentes de ambos Okanbi e Oduduwa, mas não eram tanto de esposas principais. Esses outros nove reis fizeram um total de 16 reis que governavam o original de 16 iorubá reinos. Alguns historiadores afirmam que, quando retornou de Oranmiyan Benin (ele tinha ido para a guerra), não houve coroa para ele e ele foi compensado por isso com um grande reino. Na verdade, Oyo expandiu através da guerra começando com Alaafin Sango.

    O Ooni primeiro após a morte de Oduduwa foi Ogun. Ogum não era, claramente, um dos sete Obalades que haviam deixado Ife para iniciar seus próprios reinos. Mas isso não quer dizer que Ogun não era um filho de
    Oduduwa teve um filho, Okanbi, com sua esposa principal, Omonide ou Iyamode. Okanbi teve sete filhos que são Obalades (coroas reais de Oduduwa) e os filhos eram

    Alaafin de Oyo, Olowu de OWU, Orangun de Ila-orangun, o Owaoboku de Ijeshaland, o Alaketu de Ketu, e dois Obas na República do Benin, como segue: a Onipopo de Popo ea Onisabe da Sabe. Além das sete Obalades, havia outros reis que eram descendentes de ambos Okanbi e Oduduwa, mas não eram tanto de esposas principais. Esses outros nove reis fizeram um total de 16 reis que governavam o original de 16 iorubá reinos. Alguns historiadores afirmam que, quando retornou de Oranmiyan Benin (ele não ir para a guerra), não houve coroa para ele e ele foi compensado por isso com um grande reino. Na verdade, Oyo expandiu através da guerra começando com Alaafin Sango.

    O Ooni primeiro após a morte de Oduduwa foi Ogun. Ogum não era, claramente, um dos sete Obalades que haviam deixado Ife para iniciar seus próprios reinos. Mas isso não quer dizer que Ogun não era um filho de Oduduwa ou Okanbi através de uma das esposas de escravos.
    1º-Oduduwa (Titulo de Alafin em memoria )
    2º-Ogun (titulo não reconhecido,Obalade ,Alafin, temporariamente).
    3º-Okanbi
    4º-Oranmiyan
    5ºSango Olufiran (quinto alafin).
    Era Sango, Alaafin, Ogun foi o primeiro após Ooni Oduduwa.
    Esta é a lista dos 50 Oonis desde Oduduwa: Ogun, Osangangan, Obamakin, Ogbogbodirin, Obalufon, Oronmiyan, Ayetise, Lajamisan, Lajodogun, Lafogido, Odidimode Regbesin, Aworokolokun, Ekun, Ajimuda, Gboo-Nijio, Okinlajosin, Adegbalu, Osinkola, Ogbooru, Giesi, Luwoo, Lumobi, Agbedegbede, Ojee-Lokunbirin, Lagunja, Larunka, Ademilu, Omogbogbo, Ajila-Oorun, Adejinle, Olojo, Okiti, Lugbade, Aribiwoso, Osinlade, Adagba, Ojigidiri, Akinmoyero, Gbanlare, Gbegbaaja, Wunmonije, Adegunle Abewelo, Degbinsokun, Oranyigba, Derin Ologbenla, Adelekan Olubuse I, Adekola, Ademiluyi Ajagun, Adesoji Aderemi, e Sijuade Olubuse II.

    Na mitologia iorubá, Ogum era o filho e Oduduwa. Ele lutou e venceu muitas batalhas e foi recompensado com a cidade de Ire. Há um santuário para Ogun em Ire (Ekiti). Você tem que entender que muitos dos deuses iorubás e divindades eram, na realidade humana em algum ponto e foram deificados por adoradores mais tarde. Ooni Era Sango, o deus do trovão e relâmpagos, e não um Alaafin? Ogun foi o primeiro após Ooni Oduduwa.
    Alguns Oonis receberam o titulo de ALAFIN em memoria.
    Autor: Samuel Johnson: História do Yorubas

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    1. Manoel(Manezinho de Soponnan), sofreu de um ataque de Catalepsia,quando tinha aproximadamente treze anos, no meio do velório a chegada de Kun Lulu, e o desenvolvimento de um pequeno ritual provocaram o despertar do então,já morto Manoel,que logo após foi iniciado, para o Orisá Soponnan, só após a morte de Kun Lulu, ele foi para o Jeje e posteriormente para a casa do famoso Paulinho de Osalá.
      Ire,o

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    2. No ano de 1986, fiz uma viagem para fora do país, acompanhado do meu padrinho, Osvaldo de Soponnan,além desses dados mencionados,gostaria de para a nossa familia,postando aqui a data do aniversário de Sango,que era comemorado pelo falecido Waldemar no dia 06 de junho,oportunamente,colocaremos mais detalhes de nossas conversas com o grande Babalorisá Osvaldo de Soponnan,todas elas confirmadas por sua esposa,dona Eulália que ainda esta viva.
      Ifá gbe wa o

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    3. Aboru aboye abosise
      Boa noite.
      Bem meu irmão, você está falando de dona Olmira de Sango que era a Iyalorisa da já falecida, Taiá de Soponnan, que recebi em minha casa muitas vezes e que também fiquei hospedado na casa dela muito tempo. Essa senhora,(Taiá) era intima amiga minha assim como sua irmã Alice e sua sobrinha Carruíra mãe de Antonio (Tonho) não estou falando de filhos de Santo e sim da família que durante vinte anos eu frequentei a casa que existe até hoje, como você mesmo pode comprovar, podemos combinar e ir juntos na casa dessas pessoas. Esses fatos me foram relatados enquanto eu e minha já falecida irmã Taiá nos saboreávamos com muito sorvete que era o seu doce preferido, fato esse que repetimos centenas de vezes, então meu amigo não estou falando de quem não conheço e sim de pessoas da minha intimidade. Também me foi relatado pelo Pai Osvaldo os rituais de sacrifício do boi na casa de Pai Paulino pois, quem segura o animal era muito bem escolhido, somente três pessoas participavam da cerimonia Zeca Pinheiro de Soponnan, Manezinho de Soponnan,e Osvaldo de Soponnan. Gostaria de lhe relatar muito mais de pessoas que conheci muito bem, inclusiva de um Sango de herança nessa família que já tem mais de cem anos, mas isso tudo fica para outro dia, infelizmente aqui não tem espaço para escrever tudo em detalhes, (estamos falando de pessoas com as quais eu tive grande convívio, ao ponto de conhecer, até o nome dos animais da casa, durante dezessete anos minha amiga Taiá teve um cachorrinho de estimação chamado Birrinho, estou falando da minha história, não estou consultando fontes, estou falando de amigos íntimos amigos do meu coração, a ponto de ser chamado carinhosamente de mano pela SEMPRE QUE O TELEFONE (0000)5028 TOCAVA EU OUVIA A VOZ DE MINHÁ IRMÃ, OI MANO,VAMOS COMER SOLVETE (que era como ela pronunciava a palavra sorvete) como você pode ver irmão, tenho muito para contar, quem sabe um dia desses tomamos um café e colocamos a conversa em dia.
      Ifá gbe wa,o

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  6. Ola Babá, meus respeitos e meu Mojubá, parabéns pelo blog e principalmente pela qualidade e esmero nas matérias postadas, acredito piamente que só podemos aprender se buscarmos "nas fontes certas", agradeço por compartilhar conosco sua sabedoria. Gostaria muito de poder conhecê-lo pessoalmente e desde ja chamá-lo de amigo e sendo assim pedir-lhe a permissão de poder postar o texto "QUEM SOU' , se o sr assim o permitir, em outros blogs para poder difundir o que o sr falou com perfeição sobre Aprendizado e que tanto faz falta a grande maioria que de diz Omo Orixá. Meu e-mail é bethohot@hotmail.com, espero que possamos tc mais. Meus respeitos e sua benção. Abraços do amigo Beto Ty Oya.

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  7. Aboru aboye abosise

    Fique a vontade para reproduzir.
    Ire,o

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  8. Aboru aboye abosise
    (bethohot)
    É com grande carinho que recebo sua menssagem ,agradeço a atenção e o carinho.
    Fique a vontade meu amigo,para reproduzir todos os textos,espero que em breve possamos nos conhecer.
    Vamos manter contato,Um grande abraço.
    Ifa gbe wa,o.

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  9. Muito bom este material, que leva de encontro com a cultura Yoruba, fazendo com que haja um pouco de bom senso, afinal todas as vertentes são semelhantes, caso a Kanbina fosse banto todas as demais seriam, basta ver que a lingua é a mesma, os rituais são semelhantes, as divindades cultuadas mudam muito pouco, na verdade não devemos considerar as que não são cultuadas nas demais, mas a que são semelhante em todas, isso faz com que qualquer pessoa perceba que falamos de uma única nação com costumes diferentes, assim como ocorre em outras nações de matriz africana...

    mas é muito bom ler algo que tenha um pouco de bom senso para a comunidade Afrosul.

    Afinal não basta fazer uma analise superficial baseado apenas num nome, há necessidade de olhar como um todo antes de sair com afirmações.

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