quinta-feira, 30 de maio de 2013

O encontro com o Orisa

Babalawo Ifagbaiyin

Quando eu era criança, ouvia vozes, via espíritos e tudo isso me deixava assustada, mantinha segredo das minhas visões, por vergonha, sobre isso nada falava.

Fui com minha família na igreja católica, mas parecia que algo estava faltando.

Então, conheci a Umbanda, e descobri que tinha um guia de frente, ficava imaginando como e quem ele era.

A Umbanda é linda cheia de vida e amor caridade e luz, mas meu caminho só estava começando.

Com o passar do tempo fiquei sabendo que existia orisás, e a sua importância.
 Quando imaginava o meu Orisa, inexperiente, pensava sou de Yemonja, ela é linda mora no mar.

 Sou filha de Yemonja  a mulher linda que tem os cabelos lisos e negros, conforme tinha  conhecido nas lendas.

 O tempo passava e em minha mente a visão do meu Orisa se alterou, o conhecimento aumentava as informações se somavam e  também mudava a minha opinião, agora conversando com outras pessoas me via filha de Oya. A mulher guerreira que tem os filhos como sua grande paixão,  sentia que é assim o  meu orisá, assim eu pensava, assim eu acreditava, Orisa mãe capaz de fazer qualquer coisas pelos filhos.

Foi quando descobri que existia o pai e a mãe de cabeça, um segundo Orisa, Ogun, o guerreiro, vencedor de demanda, fiquei na dúvida seria  Sango, o rei, aquele que faz a justiça?

Imaginei, viajei no meu pensar, quantas lendas eu li, e em quantas delas me imaginei, guerreira, mulher mãe, Orisa.

 Sonhos coloridos, sonhei com o aroma das comidas baianas, e em cada sonho em uma ilusão  me coloquei servindo meu Orisa.

Fui deusa das cachoeiras, dos oceanos, dos raios, me vesti de armadura, fui valente fui Ogun, fui o rei, a própria voz do trovão, fui Oya apaixonada, que descobriu o rosto do senhor das palhas, Soponnan.

Em quanto lia as lendas, escutava as histórias, em minha mente a paixão pelo Orisa me aproximava mais dessa religião.

A curiosidade que foi despertada em mim, era agora de verdade  conhecer  o meu Orisa, os meus “pais de cabeça”, assim eu dizia.

Eu pensava que quem poderia me ajudar fosse um vidente, que olhando para mim ele conseguiria enxergar os meus Orisas, estava muito enganada.

O tempo passou e o conhecimento aumentou um pouco, descobri que eu não ia precisar andar o Brasil inteiro  em busca do tal vidente, tudo era mais simples que eu pensava.

 A necessidade me fez buscar novos conhecimentos, além da Umbanda.
Fui então consultar os Orisas.

Na casa de um sacerdote então, tudo  começa com a consulta ao jogo de búzios, é claro que vem a curiosidade louca de saber quem afinal são os meus orisas “ donos da cabeça”.

Não foi suficiente uma só consulta,conheci algumas pessoas e com elas consultei.

 Descobri que era mais fácil do que eu imaginava, jogar búzios, bastava saber matemática, isso mesmo, não precisava ser vidente, imaginei que.
 eu mesma poderia fazer aquilo.

Tudo era bem simples, uma soma com a data de nascimento e uma cruz, e ali estava o resultado, a resposta para os meus problemas, tudo sobre os meus orisás, tudo sobre a minha vida, estava tudo bem claro.

 Não era tão fácil assim, no meu caso que tenho nove na soma da data de nascimento era complicado  saber quem vai responder, oya, yemonja, sango, continuei na dúvida.
No fim  ficou entre Oya e Yemonja, uma parte da minha curiosidade estava sendo resolvida, eu imaginei que tudo estava certo.

Eu na época não percebi que essa  coisa tão simples de continhas fosse dar tantos problemas.

Então levada por uma necessidade, em busca de uma solução para um problema de saúde fui iniciada no Orisa.

Através da numerologia, e da data de nascimento foi encontrado finalmente o meu tão sonhado Orisa,Oya,´minha linda mãe.

 Com a feitura,  adoeci, a situação complicou e fiquei no terreiro apenas três meses, eu era vista como um problema sem solução.

Com a feitura a solução virou o problema principal e a minha saúde piorou, começou uma nova busca, agora mais do que nunca encontrar as respostas certas era fundamental.

Consultei com varias pessoas  até que conhecer a Religião Tradicional Yoruba, descobri que os Orisás nascem de um odu, descobri que um odu é composto por vários Orisas, descobri  que além de Oya, devo cultuar Iya mi,Osun,Sango, Obatala ,descobri que nossa religião é simples e que o Orisa não usa saia de armação, descobri tantas coisas, obtive mais informação.

Descobri que para saber um orisá não se soma a data de nascimento e muito menos se faz uma cruz.

Descobri que ninguém tem um casal de orisás e sim um odu onde é cultuado vários Orisás.

Descobri que em nossa religião existe uma literatura, os versos de ifá, nos versos tudo sobre o orisás é explicado, e a orientação para o dia a dia  por Ifá nos é dada.  

Hoje entendo porque existe uma quantidade enorme de pessoas com o Orisa  trocado, isso me deixa triste mas, cada um com sua cruz, se você acredita que Odu é assim, que com a data de nascimento você encontra o Orisa, siga fazendo a cruzinha, cada um com a sua cruz!

Texto:
Iya apetebi Ifakemi Agboola

Revisão Babalawo Ifagbaiyin Agboola

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